21/03



A intensidade que vive em mim, aflora, incendeia, despeja, embrulha, enfervece, explode, arrepia, vomita, escorre. De uma musica dos meados de 2012, com o beat novo, com uma nova versão, eu fecho os olhos, e relembro daqueles velhos tempos, aqueles da brisa leve, da brincadeira do quintal, da bagunça do ônibus, da bagunça da sala, da matéria de matemática que nunca fazia.Relembro. 
Relembro da ideologia que não posso deixar pra trás, mas ressalto a necessidade da mudança, das fases, dos ciclos, dos começos, dos meios e dos fins. Ressalto, a primavera, o outono, o inverno e o início do verão. Ressalto as quedas, os aprendizados, as pedras no caminho, e como elas foram chutadas, empilhadas pra servir de ponte, afinal, aquilo que não atinge, não te aflige. Relembro a constância,a lembrança da lembrança, do recado da caixa postal, daqueles que foram morar no céu, da lagrima da saudades e da reza.
Vejo a possibilidade, a nova oportunidade de amanhecer, viver, agradecer. A possibilidade de permanecer em silêncio quando necessário e quando o conflito não irá acrescentar de nada. A possibilidade de correr atrás dos seus sonhos, apesar  dos ''nãos'' que batem na sua porta. A possibilidade de acreditar que tudo terá um jeito, que males às vezes vem para o bem. A possibilidade, mesmo que os médicos sejam contrariados, mesmo que as estáticas mostrem o oposto, mesmo que as paredes se fechem contra você, e a unica saída, é sair por aquela mínima fresta que existe no telhado. A possibilidade que dará certo, mesmo com tudo a sua volta, dando errado. 
Sinto a imensidão do mundo, suas contrariedades, suas farças, suas desvantagens, suas origens, suas ancestralidades, suas verdades, nuas e cruas. Pesadas. Saturadas. Cruéis. Sinto a esperança florescendo num lixão podre e com muitos urubus, sinto a paz de uma criança baiana, sorrindo. Sinto a dança da roda, as palmas. Sinto na ponta do nariz, aquela borboleta que saiu do casulo e não irá retornar tão cedo, irá voar até amadurecer.
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