Flores na Cidade


A chuva das primeiras horas do dia permaneceu  até clarear toda Paulista. Ao rádio, Vanguart, e no meio da multidão, pessoas solitárias e sem risos, graças, festejos, pessoas que corriam, fumavam, e não enxergavam umas as outras. 
A chuva permanecia, na sua maneira mais sutil, em forma de garoa fina, em que a gota gelada que cai sobre o rosto, gela a alma. E lá fora, as flores não floresceram. Anunciava o inicio do inverno, seus primeiros dias que vinham e demoravam pra passar. Dias cinzas, arrogantes e tão deselegantes quanto os maus risos que acompanhavam as bocas alheias. O café quente, esfriou e em cima da mesa permaneceu até esperar a agonia de alguém joga-lo pelo  ralo.  
Fomos robotizados, apressados, automatizados a viver na certa mediocridade da rotina. Fomos alinhados no sistema certeiro de produção rápida, sem falhas e sem escrúpulos. Permanecemos na conversa de bares e bares, de lugares cheios de pessoas vazias.
Não nos deparamos com  o sorriso da criança, da arte pelos muros, e nem com gracejo do recente casal apaixonado, não nos enxergamos como iguais e sim como diferentes, distintos e opostos. Fomos colocados numa guerra que não é nossa, mas que somos os principais soldados.
Entre tantas derrotas, de algumas batalhas saímos vencedores. Aos sonhadores, declaro vitória, ganhamos a batalha  dos que queriam nos dizer como amar, e quem amar, opondo suas regras banais aos sentimentos alheios. O inverno não congelou nossos corações e nem nossas batalhas  cotidianas.
Somos adeptos a toda forma de amor, seja ela como for e para quem for. Somos a humanidade que falta nos seres humanos.
Deixamos nossas flores florescerem nesta cidade tão sozinha, deixemos que a felicidade dos outros se torne a nossa, sejamos compatíveis com o respeito ao próximo. Faremos que nossa bancada seja igualitárias em direitos e deveres.
Assim como eu tenho direito de casar, os gays também possuem este direito. Essa vitoria é de todos aqueles que praticam a humanidade, daqueles que sonham e são motivados pelos os sonhos, aqueles que lutam por uma sociedade justa e não automatizada, e que deixam as flores coloridas em todas estações do ano. 

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