Ela e o cigarro

Ela se maquiava diante do espelho pra esconder a cara de choro, enquanto se maquiava, tragava na mesma hora um cigarro, fumava os problemas e soltava as soluções. Maquiagem pronta, delineador gatinho bem puxado, boca vermelha e cabelo solto. Estava pronta naquele noite pra sair e esquecer dele por um minuto.
Saí, se desliga do resto, e procura entre outras bocas o sabor do beijo dele, procura entre outros abraços, o calor do abraço dele. Ela olha em sua volta e se frusta, lá vem de novo as lágrimas,  borrando toda aquela maquiagem, saí no meio da madrugada, com o salto numa das mãos e na outra o cigarro já aceso, dessa vez ela traga todas as dores, e solta todas as crises.
Limpa o rosto e continua andando na madrugada da cidade, chega em casa de manhãzinha , toma um banho gelado e mais uma vez, se desliga, procura novamente o sabor do beijo dele, em outras bocas, o abraço dele em outros braços, mas não encontrava, seu orgulho fazia com que não o procura-se. Com o coração ferido se dedica a ela mesma , tava decidida a se reposicionar diante dela mesma. Chora pela ultima vez, traga o cigarro pela ultima vez, pede pra que ele volte pela ultima vez.
Surge uma nova mulher , linda com cara de má, com veneno no sangue, com a armadura no corpo, e as garras nas mãos. Agora ela simplesmente deixou de ser brinquedo, pra começar a brincar , as regras quem dita agora é ela.

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